terça-feira, 29 de julho de 2014

A espera

E é sempre assim nessas tardes cinzentas, deito-me no sofá cor de creme e pego um livro ou um bloco de notas, leio ou escrevo para passar o tempo. É como se eu estivesse perdido no gelado Oceano Pacífico e as palavras fossem minhas boias. Elas me mantém flutuando no mar da minha mente e não me deixam afundar na inconsciência - ou na insanidade. O Pink Floyd ecoa baixo, vindo do quarto, propagando-se no ar até meus ouvidos cansados.
"The lunatic is in the hall".
"Yes, I am", respondo.
E minha cabeça gira, sentindo o prazer, o êxtase mental, o único que posso usufruir e que me arranca das malditas memórias, das imagens daquele rosto pálido.
Não sei ao certo se vai voltar ou não, mas vou esperar nesse sofá cor de creme ouvindo Pink Floyd, enquanto eu viver. Isso posso lhe garantir.

                                                                  Valéria Mares

terça-feira, 22 de julho de 2014

Menina do pé de samba

Imagino teu mundo no meu,
e te invento pequenina só pra mim.
Mergulho no teu olho de céu,
e no teu rosto que inspira Jobim.

Menina da fala de sopro,
me fala de novo,
Tu és feliz?

Me diz o que tu gosta,
Levanta o teu véu.
Faz dessa noite nossa,
me beija com teu olho de céu.

Menina do pé de samba,
me chama pra dança,
e me deixa ser teu?




                           Valéria Mares




quinta-feira, 17 de julho de 2014

Seja sua


Se possua,
Seu corpo é seu, menina.
Fique nua.
Na nudez da liberdade.
Se insinua.
Teu corpo é poesia.
Seja sua.



                                         Valéria Mares