Esgueirei-me por entre as falhas,
corri das acusações,
caí entre agulhas e palhas,
queimei dentre as canções.
Fui pássaro vibrante
que às cinzas retornou.
Num estouro fumegante,
enfim se dissipou.
Matei a mim mesma,
você pode me ouvir?
Da minha própria aspereza,
impossível é fugir.
Sou meu próprio inimigo.
Saboto-me, descamo-me,
mas das cinzas vou retornar.
E, sozinha, voltar a voar.
Valéria Mares