terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Memórias cruas

Inspiro.
Expiro.
Penso. Falo.
Me perco sozinha no meu abismo particular.
Tão peculiar.
Tão pensante, gritante, atordoante.
Grito, giro.
Costas nuas.
Memórias cruas.
Ecos gelados.
Risos abafados.
Me afundo perdida no oceano que é a minha mente.
Memórias.
Tão pálidas.
Desformes.
Cruas.
Crio, invento.
Uma ponte.
Tão perto.
Tão longe.



              Valéria Mares

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Era menina

Era menina,
Pequena, frágil.
Coração em ruína.
Era facera,
Por vezes, ágil,
Sempre guerreira.
Tinha beleza genuína,
Aquela menina.
Rosto sereno,
Amava um moreno
Que nunca viria
A notar aquela guria.
Todos ouviam
O que ela dizia.
Contava contos,
Inventava sonhos.
Era inteira, serena,
Pequena.
Transbordava saber.
Não tinha vergonha de ser.
Bonita e calma,
Era mulher,
De corpo e alma.



            Valéria Mares


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Seja meu

Te desejo.
Inteiro, completo,
no concreto.
Cabelos bagunçados,
olhos cansados.


Seja meu,
me dê aquele
carinho teu.
Me diga
que esta vida,
apesar de sofrida,
meu bem,
pode ser bonita.


                Valéria Mares

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Dane-se a prudência

Tenho uma ridícula prudência insana. Sempre me contenho e convenço-me de que o melhor é o seguro. Ora, por que não se arriscar? Por que optar sempre pelo velho e abarrotado bom senso? Arrisque-se, pois, já que a dor é inevitável, vamos tirar o melhor proveito disso. Nada mais angustiante do que ver o tempo passar e se sentir arrependido do que não fez. Dane-se a prudência. Vida longa aos riscos que dão emoção a essa vida pálida.



                                                                  Valéria Mares

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Não morra, pequena

Acho extremamente difícil compreender a si mesmo. Entender cada centímetro de um corpo, de uma alma. Por que somos tão imprevisíveis? Por vezes me olho no espelho e não reconheço o rosto ali refletido. Pergunto-me onde fora parar toda a vitalidade que um dia eu possuí. Não sei ao certo se evoluí ou regredi, mas de algo tenho certeza, mudei. A menina dentro de mim encontra-se muito frágil e doente. Olho-me novamente no espelho e, com lágrimas nos olhos, digo baixinho: "Não morra, pequena. Não leve contigo a minha escassa alegria."



                Valéria Mares

sábado, 4 de janeiro de 2014

Se me fosse dado o dom

Sei que nada sou,
Comparada à imensidão do mar.
Sei que sou muito pequena
Nesse mundo tão grande a vagar.
Mas, se me fosse dado o dom,
Eu propagaria beleza,
Mudaria esse tom.
Semearia alegria,
Espalharia amor
E distribuiria simpatia.
Pois nesse mundo tão cinza,
Precisa-se de mais cor,
Mais brisa,
Mais amor.


            Valéria Mares

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Antônia e Manuel


O céu era de um brilhante e magestoso azul. A brisa suave agitava meus cachos negros e o sol aquecia
meu corpo. Fechei os olhos, ouvindo os pássaros.
"Tudo é tão lindo aqui." Sussurrei para mim mesma.
"Inclusive você." Disse uma voz grave e familiar.
Manuel.
Meu melhor amigo de infância e homem da minha vida.
Eu sorri ao abrir os olhos e ver seu rosto. Um sorriso angelical estava estampado ali.
"Touxe sorvete para você." Disse me entregando o alimento gelado.
Beijei seus lábios com ternura.
"Obrigada."
Ficamos um tempo em silêncio, ouvindo a natureza, observando as árvores.
"Antônia." Disse Manuel de repente.
"O que foi?"
"Nada, meu amor. Só estava pensando."
"Em quê?"
"Em você."
"Eo que concluiu?"
"É uma surpresa."
Eu adorava surpresas, então não questionei. Apenas me recostei em seu
peito.
"Manuel." Sussurrei.
Ele esperou.
"Tem algo no meu sorvete."
"Surpresa..." Ele riu.
Tirei o objeto do sorvete e ali estava. Melado de baunilha, pequeno e brilhante: um anel.
"Case-se comigo, Antônia."
"Caso."
Ele sorriu e me beijou.
Era o início da nossa felicidade completa.

                 
                    Valéria Mares

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Ano Novo

Feliz Ano Novo.
Feliz calendário novo, mês novo, roupa nova, talvez até "vida nova". Que nesse ano nossas risadas não sejam ofuscadas pelo mau tempo; que a felicidade não brinque de esconde-esconde conosco; que o sol brilhe morno; que a chuva caia mansa; que floresça; renasça; dê frutos. Que 2014 seja como uma semente em nossas vidas, a qual devemos regar, cuidar para que na hora certa tenhamos lindas flores. Que não nos falte coragem, persistência e foco, pois nada se conquista sem ter um objetivo. Então diga feliz: "Olá 2014, estou apostando em você."

                 Valéria Mares