Não sentia vontade de escrever, nem de fazer nada. Era uma daquelas dores que te fazem engasgar com lágrimas sem motivo. Uma dor sem motivo, que mata e faz descer ao fundo do posso. Sozinha, sempre sozinha. Sozinha nas batalhas e guerras, contando apenas com ela mesma e suas preparações. Derramando sangue sem apoio, sem consolo. E ninguém entende sua dor. E ninguém diz. E ninguém sabe. E todos se vão uma hora ou outra, inventando motivos, inventando desculpas. Sozinha de novo. Vivendo num paraíso negro de dores sem sentido.
Valéria Mares
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